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sábado, 11 de dezembro de 2010

12-12





“Eis o que nos acontece no domínio musical: é preciso antes de tudo aprender a ouvir uma figura, uma melodia, saber discerni-la com o ouvido, distingui-la, isolá-la e delimitá-la enquanto vida para si: em seguida é preciso esforço e boa vontade para suportá-la, apesar da sua estranheza, usar a paciência para o seu aspecto e a sua expressão, ternura pelo que ela tem de singular; – vem enfim o momento em que nos habituamos a ela, em que nós a esperamos, em que sentimos que nos faria falta, se se ausentasse e daí em diante ela não deixa de exercer sobre nós sua imposição e sua fascinação, até que tenha feito de nós seus amantes humildes e maravilhados, que não concebem melhor coisa no mundo e só deseja a ela e mais nada.


– Porém não é só na música que isso nos acontece: é justamente assim que aprendemos a amar todos os objectos que agora amamos. Acabamos sempre por ser recompensados pela nossa boa vontade, nossa paciência, nossa equidade, nossa ternura com a estranheza, pelo facto de que a estranheza pouco a pouco se desvende e venha se oferecer a nós como nova e indivizível beleza: aí está a sua gratidão pela nossa hospitalidade. 

Quem ama a si mesmo só pode ter chegado a isso por este caminho: não há outro.

Também se deve aprender o amor.”

NIETZSCHE, A Gaia Ciência

Um comentário:

Anônimo disse...

Estranha tensão, a contradição das contradições. a diferença que movimenta tudo, que destroí para ser possível criar. A sabedoria da terra, o fluxo que materializa e plasma em formas a energia.
O saber que nos ensina a fazer o que é mais elevado, a fazer melhor, a ter estilo no indeterminado, ainda que tudo tenha perdido sentido, ainda que só exista o vazio. Saber ser livre ainda que tudo seja sujeição e necessidade. Fazer melhor, esse saber que custa muito a atingir.

Saudações